A doença como resposta do organismo a um conflito

21/02/2011 17:08

 

 Desde muito tempo, a saúde e a doença têm sido preocupações constantes da humanidade. Com a evolução da Ciência, a Medicina tradicional tem alcançado progressos que parece fazer parte de um filme de ficção científica. Apesar disso, o ser humano ainda não conseguiu acabar com o fantasma da doença, que apesar de todo o progresso, continua a lhe desafiar. No mesmo noticiário de TV em que assistimos sobre transplantes de órgãos, clonagem, nanotecnologia, biotecnologia, assistimos também as notícias trágicas do avanço da AIDS, das doenças cardíacas, do câncer, das doenças crônicas não transmissíveis, infecciosas e viróticas. O noticiário mostra também as longas filas nos postos de saúde, os pacientes sobre macas nos corredores morrendo a mercê da própria sorte, cenas medievais nos hospitais psiquiátricos e medicamentos inócuos ou até prejudiciais que são colocados a venda por laboratórios inescrupulosos, a falta de compaixão e ética demonstradas muitas vezes por aqueles que têm nas mãos a vida de outras pessoas. Sabemos também, que paradoxalmente, a Medicina, tem contribuído muito pouco para os reais progressos do estado de saúde da população. O declínio da mortalidade e o aumento da expectativa de vida ao nascer, observados a partir do século XVIII, devem-se principalmente a melhoria da nutrição e das condições de higiene e saneamento básico nas comunidades do que propriamente a avanços espetaculares no campo da medicina. Está provado que se consegue muito mais em termos de saúde dotando uma comunidade de água potável do que proporcionando a essa mesma comunidade toda a assistência médica e os medicamentos que ela precisar.

Qual a razão de achados tão contraditórios? Já que alcançamos um progresso científico e tecnológico tão pronunciado, por que não conseguimos melhorar de forma tão substancial a qualidade da saúde da nossa população, que continua a morrer de doenças facilmente preveníveis? Por que a Biomedicina não consegue explicar as causas das doenças e o seu sentido na vida das pessoas? O que é doença? Qual é o verdadeiro sentido da doença?  

A Biomedicina apesar de seu avanço tecnológico não consegue fornecer as respostas as inquietações levantadas, mas a Biodecodificação ou Decodificação biológica das patologias nos esclarece algumas das questões humanas mais emergentes e primordiais para a sua saúde física e emocional, mas o que é Biodecodificação? A decodificação biológica das patologias se apóia nos estudos de Marc Fréchet, Groddeck, Henri Laborit, Ryck Geerd Hamer, e, outros estudiosos que descobriram que a doença não existe enquanto desordem celular ou se refere à ação no organismo de células enlouquecidas ou de agentes patógenos que acometem o indivíduo a sua revelia e em qualquer época de sua vida, mas que a doença é um programa biológico carregado de sentido e que tem como objetivo proteger o indivíduo de conflitos e estresse que o afetam cotidianamente e que ameaçam a sua sobrevivência.   

A doença é um programa criado pela Natureza, que surge ao longo da evolução da espécie e que possui um sentido biológico, que é a superação de um obstáculo que ameaça a sobrevivência da espécie.

Neste sentido, entendemos que:

 

              1) A doença é um programa criado pela natureza e de nenhuma maneira é algo casual ou um erro. A natureza nunca se equivoca. As manifestações físicas e mentais foram criadas no curso da evolução e inscritas no cérebro para serem usadas em situações especiais. Muitas delas ajudaram muito em determinados períodos da evolução dos seres vivos e se reativam somente quando ocorre um conflito biológico.

 

             2) A doença surge da interação de todos os seres vivos: A vida é uma só. Manifesta-se no ser humano, nos animais, nas árvores, em todo o cosmo e em toda criação. Quando compreendemos esta premissa, começamos a entender que o egocentrismo do ser humano é uma das principais causas das doenças. Os experimentos com animais em laboratórios, a destruição das matas, a poluição do ar, além de ser um pecado que pesa sobre toda a humanidade, revela um absoluto desconhecimento das leis que regem o cosmo e que são transgredidas continuamente pelo grande predador do planeta: O Ser humano.

 

            3) A doença possui um claro sentido biológico que é a superação de um obstáculo que ameaça a sobrevivência do indivíduo: É necessário repetir que a natureza nunca comete erros, tudo o que faz possui um sentido, ainda que não compreendamos ou ainda que esse sentido pareça contrário a lógica humana. Enfim, a doença surge no ser vivo, quando sua sobrevivência está ameaçada por uma situação pelo qual o indivíduo não encontra solução imediata, então, o cérebro procura uma solução na memória celular dos antepassados e dá a solução ao conflito pelo qual o indivíduo não conseguiu resolver.

 

Os três operadores fundamentais.

 

Antes de aprofundar estes conceitos, devemos conhecer três operadores que permitirão uma melhor compreensão do que entendemos que seja a doença.

 

O primeiro deles, é o que chamamos de lei biológica e que se expressa da seguinte maneira: "Toda tensão celular que não se descarrega adequadamente, volta a sua fonte de origem e se descarrega ali".

 

Sabemos que as células são fontes de tensão permanente desde sua formação, iniciada com a fecundação do óvulo. Embriologicamente, a única maneira da célula descarregar essa tensão, é a diferenciação, ou seja, seu crescimento e especialização nas distintas funções de cada tecido e órgão. Qualquer obstáculo a sua diferenciação, gera aumento na tensão da célula que impossibilitada de especializar-se permanecerá primitiva e isolada das demais, porém mantendo sua tensão até ser dissipada e retornar ao grupo de forma especializada, quando o indivíduo consegue resolver o conflito.

 

Quando a célula passa pela etapa, a tensão celular que não descarregou terá outra saída, que é a descarga psíquica. Se houver obstáculos em sua função, o mecanismo embriológico reativa e só é possível a descarga somática (o crescimento indiferenciado).

 

O segundo operador que propomos é a Lei psicológica, que se expressa da seguinte forma: "Todo ser vivo está obrigado a buscar incessantemente, sem consegui-lo plenamente, o que deseja ser e por sua vez está condenado a viver constantemente o que recusa ser".

 

Podemos dizer que esta lei é semelhante a anterior, uma vez que tudo o que se recusa (o que não se descarrega) obriga a célula a rejeitar.

 

A doença, de acordo com a segunda lei, seria uma tentativa dramática de resgatar do esquecimento as contradições fundamentais do ser humano e traze-las à tona para serem resolvidas e harmonizar-se com as crenças e coerência humanas.

 

O terceiro operador para abordar a doença, é chamado Lei Férrea do câncer ou primeira lei da Nova Medicina. Esta lei explica que: "Toda doença é produzida por um conflito biológico". Neste sentido há três criterios a considerar:

 

Primeiro critério: toda doença surge de uma DHS, quer dizer, uma situação surpresa, subjetivamente dramático e vivido na solidão. Este DHS ou evento desencadeante é o que vai ativar os programas cerebrais do adoecimento. A situação em si, não provoca a doença, apenas é capaz de ativar traumas irrepresentáveis que são inconscientes ao sujeito. São os traumas significativos pré-verbais que atuam sobre as células que partilham da mesma realidade.

O segundo critério, Hamer esclarece: "No momento de uma DHS se instala sincronicamente uma alteração celular em um órgão e uma modificação cerebral que pode ser observada através de uma TAC cerebral". O evento (DHS) que não pode ser verbalizado, ativa fenótipos latentes cujo sentido é superar um obstáculo e que ameaça a sobrevivência do indivíduo.

 

O conflito biológico.

 A insatisfação de uma necessidade biológica cujo significado é transferido para o comportamento humano, é o que chamamos de conflito biológico.

 

As necessidades biológicas básicas, isto é, o que a Natureza requer que os seres vivos aprendam a superar os obstáculos no curso da evolução, são cinco: Nutrição, Reprodução, Defesa, Auto-valorização e Comunicação.

 

Tomemos uma delas para compreendermos o conceito de conflito biológico. A necessidade de alimentar-se implica identificar a presa (ver, cheirar, ouvir) e logo pegá-la. Depois de morta, engolir, digerir e eliminá-la (depois de aproveitar seus nutrientes). Quando existe um obstáculo em algum destes passos e o mesmo ameaça a sobrevivência do animal, o cérebro ativa um programa de sobrevivência para superar este obstáculo.

 

Como estamos falando do tubo digestivo à zona do cérebro que se ativará é o tronco.

 

Desde este momento, surgirão precisas ordens as células do tubo digestivo. Se não conseguimos (caçar) a presa, serão as células do fígado que crescerão para aproveitar ao máximo o escasso alimento que existe. Se a presa foi engolida, mas é grande, serão as células do esôfago ou do estômago que crescerão para poder utilizar uma grande quantidade de enzimas para facilitar sua digestão. Se a presa foi digerida, mas não se consegue eliminar, serão as células do intestino grosso que crescerão para poder cumprir com esta função.

 

Como vimos à única resposta possível do tubo digestivo diante da insatisfação de nutrir-se, será a proliferação celular que se prolongada por um tempo gerará uma formação que chamamos tumor.

 

A metáfora psicobiológica

 

O que acabamos de descrever é uma resposta biológica a uma necessidade insatisfeita. Pertence a uma lógica somática que guarda relação com o período evolutivo nos quais esses órgãos tiveram origem.

Nesse período a única forma que tinham era um largo tubo que foi se diferenciando em funções específicas, fato que segue ocorrendo no período humano de qualquer feto.

 

As células foram diferenciando-se para assumir funções que as exigências da natureza lhe impunham. Não existia o cérebro moderno nem a linguagem. O sintoma se expressava através do cérebro antigo que respondia a uma lógica de percepção do estímulo de uma determinada zona cerebral e logo (por repetição ou inibição) criava uma associação (estímulo- zona cerebral- órgão) que gerou os primitivos mapas cerebrais que continuam ainda atuando em nossos cérebros.

 

Ao aparecer o cérebro moderno e a linguagem se recategorizaram estes antigos mapas, uma vez que apareceram outros novos, que estabeleceram contato com os antigos mapas cerebrais.

 

Esta relação "primitivo-moderno" ou "sinal-símbolo" é o que permitiu a transferência do significado das necessidades biológicas às típicas condutas humanas, gerando uma metáfora que começamos a chamar conflito psicobiológico.

 

Assim, os antigos conflitos de nutrição, passaram a converter-se (através da linguagem) em conflitos de poder, de insaciabilidade, de indigestão, de saciedade. A proliferação do fígado poderá aparecer diante de dúvidas econômicas que a própria pessoa vive como uma ameaça a sua sobrevivência, mesmo quando há abundância alimentar. A proliferação das células do esôfago se produzirá diante de situações familiares ou laborais que a pessoa "não pode engolir". As lesões do intestino grosso, ocorrerão diante de fatos pelo qual a pessoa "se sente cagado".

 

Toda uma resposta qualitativamente humana diante de um fato que deixa de ter o monopólio psicológico e que apenas a partir da biologia, poderemos interpretar, diagnosticar e tratar.

 

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